Em entrevista para o Fragmentado, o ator Miguel Roncato fala sobre seus novos trabalhos
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Por Rayana Garay
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Miguel Roncato no longa-metragem Punhal Foto: Lela Meneguelli/Divulgação |
Miguel tem 22 anos e já realizou diversos trabalhos como ator da rede televisiva Globo, na novela Passione (2010), Insensato Coração, Cheias de Charme (2012) e Geração Brasil. Em 2011, foi campeão da Dança dos Famosos, no quadro do Domingão do Faustão. Atualmente, o Roncato cursa faculdade de Comunicação Social - Jornalismo, no Rio de Janeiro, e já adianta que tem novos trabalhos em vista.
O Projeto Fragmentado conversou com o ator sobre a sua trajetória, a estreia do Punhal, o papel da arte na sociedade e os novos planos. Confira aí:
Projeto - Como foi a sua trajetória até chegar à televisão?
Miguel - Tudo começou com um garoto de 6 ou 7 anos brincando de atuar na sala de casa (numa cidadezinha do interior do RS), sonhando virar astro de Hollywood. É engraçado, porque minha vontade de ser ator surgiu com o cinema e, no entanto, é o único veículo que eu não tenho grandes trabalhos lançados ainda. É um sonho que ainda não realizei. Mas a gente chega lá, não é mesmo?! Lutando sempre... Enfim! Mudei para São Paulo com 13 anos e comecei a preparação para a carreira. Estudei tudo o que estava ao meu alcance, lotei todos os dias da semana com cursos e compromissos ligados à arte.
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Primeiro personagem do ator na televisão como Alfredo Mattoli Foto: Divulgação |
Foi um período no qual eu vivi para isso. Privei minha juventude de inúmeros prazeres comuns, mas agora sinto que fiz a coisa certa. A vida são escolhas. Normal. Em São Paulo, fiz muito teatro e me apaixonei pelos palcos. Fiz testes para televisão que nunca foram bem sucedidos. Só depois, em 2009, que fui aprovado para fazer Passione. Mudei para o Rio de Janeiro e, desde então, moro aqui nessa cidade maravilhosa que me acolheu como um filho e tem me dado inúmeras alegrias.
Projeto - Como foi esse processo saindo de casa tão cedo?
Miguel - Um sofrimento. Não vou ser hipócrita aqui e dizer que foi tranquilo. Você "abandonar" sua casa, sua vida segura e pacata, com apenas 13 anos, pra morar na selva de concreto que é São Paulo (e longe dos pais!) é uma loucura! Tranquilo não foi, mas quando essas atitudes são movidas por desejos e sonhos, o dia-a-dia doloroso torna-se mais doce. Não sei se eu fui claro. Quem tem sonhos e já fez coisas doidas por eles vai (ou pelo menos deveria!) me entender.
Projeto - E como está sendo a sua vida agora?
Miguel - Continuo na batalha pelo que eu quero enquanto ator. Não quero ser apenas uma figura estética ou um produto na mão da mídia. Eu quero a imprensa divulgando o que eu faço de melhor, o que está ao meu diâmetro para poder mudar o mundo, transformar vidas. Quero a imprensa lado a lado com a minha arte. Sei que o caminho é longo e estou apenas no início dele, mas almejo ser um questionamento para as pessoas. Quero percebê-las vendo meu trabalho e parando pra pensar nas suas próprias vidas, seus anseios, suas questões. O entretenimento engajado é minha busca sempre, em cada projeto, ao viver cada personagem.
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Ator gaúcho Miguel Roncato Foto: Thatiana Bione/Divulgação |
Miguel - Vejo a arte como um respiro. Um respiro da violência, da corrupção, da injustiça, do preconceito e do caos que somos obrigados a enfrentar diariamente. O nosso país é gigante, difícil de administrar. Não culpo somente o governo, embora uma parcela relevante de responsabilidade caiba a ele. A sociedade também é culpada. E muito. Não consigo considerar legítima uma voz proveniente de uma pessoa que joga lixo na rua, por exemplo. Não respeito a opinião de alguém que critica a educação do nosso país, mas faz cara feia quando precisa ler um livro. Um Brasil melhor é um compromisso de todos.
Projeto - Em sua opinião, como está o cenário atual das artes no Brasil? Você acredita que o teatro é ainda muito elitizado? E como foi a sua inserção nele?
Miguel - Há muitas oportunidades nas artes atualmente, todavia o número de profissionais atuantes dessa área no mercado de trabalho também acompanha essa proporção. Sobre teatro, há as grandes produções (musicais ou não), caracterizando uma elite financiada por grandes corporações. Porém, existe ainda um caminho alternativo bastante interessante para a realização de projetos menores e não menos especiais. Comecei no teatro alternativo, frequentei algumas grandes produções, mas sigo transitando livremente nesses dois âmbitos.
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O artista diz que já tem novos projetos para o próximo semestre Foto: Rodrigo Marconatto/Divulgação |
Projeto - Ouvir dizer que tu és CDF, continua sendo?
Miguel - Sempre fui nerd. É louco isso, porque as pessoas não acreditam, dizem que não tenho perfil de nerd. Gente, e nerd tem lá perfil? O problema é que hoje tudo é estereotipado, tudo tem uma imagem pré montada. Aí a coisa demora a progredir. Enfim... Sempre fui muito empenhado nos estudos. Sempre gostei de estudar. Sou do tipo que (louco!) lê cinco livros ao mesmo tempo. Acredito que o que garante a nossa liberdade é o nosso conhecimento. Somente ele! Sou nerd até hoje, na faculdade. Sou nerd na minha profissão. Sou nerd na vida. (Reparem que determinado é um sinônimo que se encaixa perfeitamente). Assumo mesmo, porque a minha profissão sem estudo não é nada. Agora, não esperem que eu seja o nerd considerado por todos, com óculos fundo de garrafa e roupas estranhas. Sou bem diferente disso. Aliás, isso é só mais um estereótipo equivocado "vendido" a todos nós. Sejam CDFs, sejam comprometidos com o futuro de vocês. A vida tá tão difícil, dura e injusta hoje em dia! Vocês agradecerão a vocês mesmos lá na frente depois. Vai por mim... rsrs
Projeto - A relação com seus fãs é admirável. Através da Internet, percebemos o quanto é amado e que rola a troca de carinho de ambas as partes. E nas ruas, como os fãs se comportam ao te ver? O que eles significam para você?
Miguel - Aqui no Rio é um pouco mais comum esse contato. Muitos atores moram aqui, as pessoas acabam acostumando-se com isso. Mas sempre rola uma aproximação e um bate-papo descontraído. Você passa a fazer parte da vida das pessoas quando faz televisão. É maravilhoso! Sinto-me bem quisto. Isso não tem preço! Os fãs? São minha força pra seguir em frente com essa profissão! As redes sociais, pra mim, só tem sentido com eles. Eles me apoiam, me animam, me divulgam! E eu? Eu os amo, claro!
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Miguel Roncato com a bailarina Ana Flávia na Dança dos Famosos 8 Foto: Divulgação |
Miguel - Punhal é um longa-metragem com caráter fortemente lúdico. Trata-se de uma fábula contada de uma maneira bastante singela e particular. É o meu primeiro filme e, curiosamente, meu primeiro protagonista no cinema. O Kalki é um jovem violinista possuidor de um dom singular. Ele valoriza a vida e batalha pela preservação da mesma. As locações são maravilhosas. Fiquei encantado enquanto rodávamos no interior do Espírito Santo. Ainda não assisti ao resultado. Estou curioso como todos. Espero que gostemos da versão final.
Projeto - Para o futuro, o que podemos esperar de novidades, já tem algum projeto em andamento?
Miguel - Além do Punhal, que terá uma exibição para convidados no dia 25 desse mês e deve lançar nos cinemas em breve, tenho um projeto no teatro para o primeiro semestre do ano que vem. Não posso falar muito ainda, mas será uma adaptação de um texto antigo da Broadway. A peça é bem especial. Estou ansioso pelos ensaios e não vejo a hora de pisar no palco novamente.
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Miguel com a atriz Isabella Camero no Punhal Foto; Divulgação |
Projeto - Para finalizar, qual é a sua mensagem ou dica que você, ator, deixa para aqueles que admiram seu trabalho e para aqueles que querem seguir a carreira artística?
Miguel - Primeiramente, obrigado! Nossa profissão existe pra vocês! Não existiria ator sem público! Fazemos o que fazemos para entretê-los. Os fãs são fundamentais. Para os amantes dessa arte de atuar (na sua mais pura essência!!!), estudem! Muito! Dediquem seu tempo e sua alma para isso! É uma profissão bastante trabalhosa, mas muito prazerosa.
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