Arte e conceito sob os holofotes da moda
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Por Luna Rocha e Rayana Garay
Amantes mundo fashion argumentam sobre a
aproximação dele com o universo artístico
Modelo de Raíssa Sokal na passarela do desfile "Por Trás dos Panos" Foto: Emmanuel Marques |
A
arte e a moda são duas áreas da cultura que se afirmaram com a modernidade,
cada qual com suas características específicas, divergências e pontos em comum.
Ambas contribuem na formação da distinção social e trabalham noções de estética
e beleza.
Na
vida da estudante de Moda da Ulbra Raissa Sokal, 19 anos, os dois domínios se
encontram em determinados caminhos. Para ela, essa junção depende do conceito sobre
o qual se está trabalhando e como ele pode ser contextualizado através do estilo.
“É aí que entra a criatividade, a necessidade de se fazer entender, e a arte é
a maneira que o ser humano tem de se expressar”.
Raíssa explica
que a vestimenta, em sua origem, não foi concebida como objeto de arte, mas sim
por causa da necessidade humana de cobrir e proteger o próprio corpo. “As duas
esferas se entrelaçam a partir do momento no qual surgiu a vontade de se
expressar, também, através da vestimenta”, salienta a estudante.
Juliana Casagrande fotografando sua coleção "Sonho de Uma Noite de Verão" Foto: Divulgação |
Na
visão de Juliana Casagrande, 22 anos, formada em Moda pela UniRitter, durante o desenvolvimento de qualquer área do
design, a arte se torna uma grande parte de sua concepção. “Eu busco padrões
artísticos como fonte de inspiração para iniciar os meus trabalhos”, comenta.
Buscando
influência no romantismo, a estilista confeccionou a coleção “Sonho de Uma
Noite de Verão”, fazendo ligação entre tendênciase a obra literária de William
Shakespeare, adaptando traços teatrais à composição. “Gosto muito de trabalhar
com a ideia de fantasia. Me atrai bastante a possibilidade de criar algo único e
novo, sem a limitação das tendências e do comércio.”
Arte na passarela
Raíssa Sokal e sua criação no encerramento do desfile Foto: Emmanuel Marques |
No
momento em que a arte amplia seus horizontes para dentro do mundo fashion,
dividi-la com a plateia se torna uma experiência que todo estudante do curso de
Moda aguarda com certa ansiedade. “É
impressionante o aprendizado que se pode tirar de um desfile”, comenta Raíssa,
que recentemente participou como estilista e produtora do desfile ‘Por Trás dos
Panos’, de sua turma de Moulage – modelagem tridimensional –, no qual a
temática escolhida foi o desafio de representar a mulher muçulmana em sua
essência, revelando à plateia a personalidade que há embaixo da burca. “Uma
mulher é muito mais do que a vestimenta que a sociedade impõe a ela”, diz Raíssa.
A intenção da estilista em formação é contribuir para a reflexão do público em
assimilar como o ser humano pode ser muito mais do que se vê.
De
forma clara, a moda conceitual e a alta costura apresentadas nas passarelas,
muitas vezes trazem o trabalho complexo e inovador dos designers, conforme
Juliana Casagrande, ponderando que, a partir disso, os mesmos trabalhos se
tornam obras primas dignas de serem expostas em galerias. Compartilhando do mesmo
pensamento, Raíssa completa, “a arte não veste telas ou muros, ela se expressa no movimento
dos corpos, representando a voz do seu criador”.
Mercado cultural
Making of da produção de Juliana Casagrande Foto: Divulgação |
Não
é porque uma parcela da moda é focada no mercado de vestuário e outra na
criação de conceitos artísticos, que ambos os campos não podem estar
interligados. “Mesmo criando roupas comerciais, gosto da ideia de fazer com que
a pessoa que irá vesti-la se sentirá única, sairá do comum”, comenta Juliana.
Segundo
ela, o mercado fashion em Porto Alegre é complicado em razão das oportunidades escassas. Isso
acaba o tornando muito concorrido. Em São Paulo e Rio de Janeiro, a área é mais
abrangente. Há mais chances de empregos no ramo, uma vez que as sedes de grandes
empresas de moda estão situadas nestas cidades. “Acho que a maior dificuldade
do designer no Brasil é a limitação do público”, lamenta a estilista. “Os
brasileiros, em geral, não estão abertos ao diferente ou à moda como forma de
expressão, o que acaba limitando o designer na construção de seus modelos”.
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