Projeto Voluntário Free Walk POA

08:58


Por: Jéssica Zang

Free Walk Poa
Foto: Rayana Garay/Projeto Fragmentado

Caminhar pelos pontos mais bonitos, interessantes e curiosos das cidades é isso o que propõe os Free Walks, - passeios promovidos por voluntários que levam turistas e pessoas que queiram conhecer cidades, através de um passeio a pé. Durante a caminhada os guias fornecem explicações sobre monumentos, construções e pontos turísticos, além de narrar histórias curiosas e dar dicas de bares e restaurantes interessantes para quem quiser aproveitar à noite. Esses passeios existem em cidades do mundo inteiro, e aqui no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre os voluntários do Free Walk promovem isso.

Cristiano, André e Bernado
Foto:Rayana Garay/ProjetoFragmentado
Os primeiros passos: 
O Free Walk POA existe desde 2012, segundo André  Flores, um dos voluntários, o projeto surgiu sem pretensão alguma: dois dos voluntários, atualmente são sete, foram passar um tempo na Europa e lá descobriram os passeios. Quando voltaram a Porto Alegre resolveram adotar a ideia. Tudo começou com a criação de uma página no Facebook, mas como um projeto fictício, até o dia em que as pessoas começaram a perguntar quando que os passeios iriam começar efetivamente, e então se deu o primeiro free walk em Porto Alegre. "A gente imprimiu um adesivo, colou numa camiseta e veio aqui pro centro. Então foi meio que um acaso. Assim foi acontecendo, uma coisa que a gente sempre conversava e saiu”.

Mas como funciona?
O ponto de encontro dos "free walkers" acontece todos os sábados às 11h em um dos locais mais charmosos da capital: o Chalé da Praça XV. Lá, antes de tudo, os voluntários se apresentam e falam sobre o passeio. Também contam a história do grupo e sobre o histórico do chalé.
A Primeira parada ocorre no Mercado Público. Lá é contada a história do Mercado, o caso da enchente de 1941,  são relatados os problemas de infra-estrutura e também as crenças que surgiram com o passar do tempo no local, com a lenda do "Bará do Mercado", que, segundo a história, seria o menino de Santo Antônio enterrado naquele local. Os voluntários também apresentam os bares mais antigos do mercado, como o bar Naval, conhecido pelo seu cardápio em forma de poesia e também a banca 40, que era frequentada pela corte.

Entrada do Mercado Público
Foto:Ingrid Prá/ProjetoFragmentado
Continuado o passeio, a próxima parada é o prédio da Brigada Militar. Localizado próximo ao Chalé e do Mercado, eram lá onde funcionavam as antigas centrais dos bondes. Tornou-se importante para cidade de Porto Alegre em 1910, com a chegada do primeiro bonde elétrico.
Após, os voluntários apresentam a Galeria Chaves, onde funcionou o primeiro elevador  de Porto Alegre.

Uma das curiosidades que eles contam é que Leonel Brizola foi ascensorista do elevador. Nesse momento acontece uma espécie de teatro: um dos  guias se veste com trajes de época, com direito a terno, chapéu e gravata, para explicar algumas histórias curiosas. Uma delas é que a esquina onde funciona a galeria ficou conhecida por que era a parada do bonde, onde as moças subiam e mostravam seus tornozelos para os rapazes.  Na época, não era considerado "correto" mostrar os tornozelos.
Cristiano mostrando fotos antigas de Porto Alegre
Foto:Ingrid Prá/ProjetoFragmentado
O próximo destino era frequentado pela elite.  No café da livraria Globo, passaram políticos da época, escritores e artistas. A cafeteria era considerada um bom local para se arranjar um casamento, já que outrora se acreditava que  lá se encontravam bons partidos.
Depois do café, o grupo segue para a Esquina Democrática: o ponto era conhecido pelas diversões noturnas nas décadas de 30,40. Depois, eles se dirigem até a  Praça da Alfândega. Lá o pessoal do Free Walk conta história da famosa praça, que abrigou o primeiro cinema em Porto Alegre. Eles também relatam sobre os acontecimentos históricos que costumavam lotar a praça.

Thiago Goss
Foto:Rayana Garay/ProjetoFragmentado
O fim do passeio ocorre na casa de cultura Mário Quintana, onde é contada a  história do antigo Hotel Majestic, que era hospedagem de grandes nomes artísticos como o poeta Mário Quintana, e que hoje virou uma casa de cultura em sua homenagem.
Uma das participantes, alemã Sarah Salbeck, que está fazendo um intercâmbio na capital, diz que já conhecia alguns pontos da cidade, mas que com o passeio ficou com vontade de conhecer outros locais. "Eu acho muito interessante conhecer outras tradições, outras culturas. Já visitamos outros museus da cidade, como o Santander, mas pensamos em visitar locais que os guias nos indicou”.

Projetos para o futuro:

O futuro do Free Walk em Porto Alegre servirá para que experimentações ocorram.
"Já fizemos passeios noturnos, passeios do dia do rock. O cara cantava ao vivo durante o passeio a gente contando histórias do rock gaúcho, a gente já fez caminhadas só por bares. Os próximos passos vão ser manter a estrutura, mas experimentar um pouco mais.”, salienta os voluntários. Eles também comentam que a intenção não é fazer do projeto uma espécie de negócio. "Achamos que esse que é o trunfo do Free Walk. Essa falta de profissionalismo é um charme", brincam com a resposta.
Os passeios só são cancelados em caso de chuva e são gratuitos.

Final do Tour pelo centro de Porto Alegre
Foto:Ingrid Prá/ProjetoFragmentado

Confere mais sobre o trabalho do Free Walk POA:

Você pode gostar de ler

0 comentários