Entrevista com o ator e cantor, Thalles Cabral

14:27

Por Rayana Garay 
Thalles Cabral
Foto: Rayana Garay/ProjetoFragmentado


O artista gaúcho Thalles Cabral se apresentou num show meio intimista com voz e violão no Primus Gastro Bar, em Porto Alegre, junto do baixista  Dalla Rosa, da banda Rosa Tattooada. O show teve apresentações das músicas do seu EP, covers de grandes artistas e uma pequena mostra do próximo disco.




Thalles, de 20 anos, teve o contato com a arte desde cedo. Começou na infância a fazer teatro e com 12 anos ganhou o seu primeiro violão. Atualmente, mora em São Paulo, onde cursava a faculdade de Cinema. Numa conversa descontraída num bar do bairro Bom Fim, o músico-ator-compositor-e-roteirista, Thalles Cabral, fala sobre o começo da carreira, a gravação do seu EP, o palco, teatro, cinema, música e TV e entre outros.


A música:

Quando começou a se envolver na música, Thalles praticava violão apenas por hobby. Mas ao longo dos estudos, passando por diversos professores, começou a gostar do que fazia, inclusive compor. Cabral, explica como foi o processo de composição. “Eu tocava a mesma música, que se repetia eternamente na mesma estrofe, foi assim que começou a surgir. Passei a compor só com voz e violão, então eu não tinha noção de arranjo, que tipo de instrumento ficaria bom. Era quase um vomito, sabe? Que ficava preso, e aí foram surgindo as músicas”, finaliza com humor.

Ator e cantor Thalles
Foto: Rayana Garay/ProjetoFragmentado
Criação do EP: 

Quando o músico se deu conta já tinha cerca de 20 músicas escritas, foi então que seu pai incentivou a gravar num estúdio. “Era para ter um registro só para nós com voz e violão”, afirma Cabral.  Gravado as músicas o dono do estúdio e produtor musical, Othon Ribeiro, ligou semana depois para Thalles querendo marcar uma reunião e assim surgiu o convite: “Ele convidou para gravar um EP. Na época, eu não sabia o que era. Ficamos surpresos por que pensei que ele ia dizer tudo menos isso”, brinca o cantor. Após gravação do EP, chamado “That’s What We Were Made For”,  o cantor conta o que achou do resultado. “Aprendi muito com todo esse processo de gravação. Eu tenho bastante orgulho desse disco, de como ficou, sabe? Para uma pessoa que não tinha uma experiência, acho que ficou interessante”, admite.

As bandas Radiohead, The Beatles e Nirvana serviram como referência para criação de arranjo do disco. “Eles precisavam entrar no meu mundo, foi então que citei essas bandas. Eu queria mais esse lance de composição simples e nada grandioso”, explica o artista. O disco foi gravado no início de 2012 e - nesse meio tempo-  Cabral recebeu o convite para trabalhar em uma novela. “Tivemos que parar com tudo, pois eu tinha gravação no Rio e o estúdio era em São Paulo”, explica.  Com quase um ano parado, o disco foi lançado em setembro de 2013 na mesma época que a novela passava na TV.


Teatro e Televisão: 


Apresentação no Primus Gastro Bar
Foto: Rayana Garay/ProjetoFragmentado
Thalles Cabral começou no teatro com sete anos, nos cursos Cia. do Abração, Academia de Artes Cênicas Cena Hum e Lala Schneider.  Participou de uma peça profissional em 2005, no Festival de Teatro de Curitiba, “Sobre Pais e Filhos” com direção de George Sada. Sua última atuação foi na novela “Amor à Vida” escrita por Walcyr Carrasco. O ator fala sobre as dificuldades que teve para entender o veículo televisivo, pois segundo ele, as gravações começaram um mês antes da estreia na TV. “Nós ficamos um mês na zona cega, que era gravar e não saber como ficou. No teatro você também não vê, pois você está no palco, porém, recebe uma resposta imediata do público”, diz.  Ele também explica sobre a diferença da interpretação na tv e no teatro: “Na tv era uma coisa absurda, só na metade da novela comecei a entender o lance de qual câmera olhar ou fazer alguma coisa diferente. Tinha vez que eu falava ‘nossa foi sensacional’ e chegava na hora de assistir, percebia que tinha ficado horrível ou era ao contrário”, comenta o ator.

Artista independente Thalles Cabral
Foto: Rayana Garay/ProjetoFragmentado
Palco:

O músico relata que ter feito teatro desde cedo ajudou no desenvolvimento no palco como cantor. “O fato de eu ter começado a atuar cedo, me ajudou bastante por que não fico nervoso ao entrar. É claro que sempre me dá aquele frio na barriga, sabe? Que é normal. O que dia que terminar não terá mais graça (risos), garanti Thalles. Ele também fala sobre a presença de palco, pois teve que aprender na prática para não ficar tão parado. “É muito engraçado por que eu ficava só com o violão no palco, mas, atualmente, têm momentos que fico sem ele, daí ‘o que fazer?’, pois eu não sou daqueles que pulam igual à Ivete, mas também não fico muito parado (risos)”, brinca o artista.

Cinema:

Uma das paixões de Thalles é o cinema. Fez por um tempo faculdade desse curso, mas acabou trancando, ele explica o motivo. “Sou apaixonado por cinema. Sabe quando você gosta de uma coisa e as pessoas começam a estragá-la, daí você tenta impedir o mais rápido possível? Então, eu notei isso. Gostava tanta de cinema e que tinha que parar, se não esse amor todo ia por água abaixo”, revela.  “Pietro” é o nome do filme que Thalles está escrevendo junto da sua amiga atriz, Carol Rainato. “A gente gosta muito de cinema e começamos a escrever esse filme há um ano. Este ano, pretendemos começar a pré-produção dele”, confessa o roteirista. Cabral diz que não tem preferência entre teatro, TV, música e cinema. “Eu sou apaixonado por todos esses quatros. Não há preferências, gosto de todos eles”, afirma.

Cinema e TV:

Cabral em apresentação no bar do Bom Fim
Foto: Rayana Garay/ProjetoFragmentado
Thalles fala sobre a diferença do roteiro de cinema e de televisão. “Na TV o roteiro é muito mais mastigado e didático, já no cinema não. É um texto inteligente, não subestima tanto o expectador”, diz. Ele cita um fato que acha engraçado em novela. “Acho muito engraçado quando um personagem fala sozinho. Ele diz coisas que nunca falei sozinho. É aquela coisa de ficar parado e dizer ‘Eu vou me vingar. Vou atropelar ele’, são coisas que no cinema seria um homicídio”, brinca. O ator também relata uma entrevista de um diretor chamado Rafael Gomes, que fala sobre os personagens de televisão. “Ele falou assim, que para trabalhar na tv, você tem que entrar na fofoesfera, tem que ser fofo. Então não adianta o personagem ser escroto. Ele tem que ser carismático, fofo e também escroto, porque se não o público não gosta”, conclui. Segundo o ator, a televisão está num estágio de mudanças, pois novos investimentos estão sendo feitos. “Assisti uma série na TV e aquilo era cinema. Eram com equipamentos muitos bons, de bom gosto, ótima fotografia, uma boa direção de arte. Acho que a TV não está devendo nada nesse sentido para o cinema, só resta o roteiro chegar nesse ponto”, afirma o artista.

O público: 

O artista Thallas Cabral fala sobre a sua relação com os fãs, o público e a fama. “Minha relação com tudo o que está acontecendo é normal, sabe? Teve uma época que levei um susto, porque não imaginava que as pessoas me reconheciam na rua”, explica. Cabral diz que já teve vezes que não sabia como lidar, que incomodava, mas que entendia que isso faz parte. “É muito louco, pois justamente a novela teve uma repercussão absurda e até hoje aonde eu vou, as pessoas me param”, revela Thalles. Muitos dos seus seguidores, os fãs, conheceram o trabalho do cantor através da internet, eles buscaram informações e encontravam músicas do artista. “As pessoas buscaram sobre mim e descobriram a música. Passaram a frequentar shows e eu achei muito legal, pois sou um artista independente e toco em lugares intimistas, com apresentações intimistas e por que não ter uma relação meio intimista com eles?”, acrescenta.
Apesar de ter um público ainda em formação, Thalles revela que sempre se lembra das pessoas que assistiram ao seu show. “Lembro de ter visto elas em algum lugar. É muito bacana isso, pois o EP foi totalmente despretensioso e já tem uma galera que curte e acompanha o trabalho. Isso só me dar mais força de vontade para poder gravar ainda mais”, salienta.

Thalles Cabral junto do baixista Dalla Rosa
Foto: Rayana Garay/ProjetoFragmentado
Novo disco: 

O cantor estreará o novo disco do projeto “Para isso que fomos feitos” no dia 04 de Março, no Na Mata Café, em São Paulo. Em entrevista, Thalles revelou que teve que decidir entre as 60 músicas guardadas, quais iriam entrar nessa nova etapa. “No momento eu já sei a cara que eu quero dar para esse disco, sobre o conceito visual. Algumas músicas já tinham arranjos e já estavam pré-selecionadas”, diz.  No show de estreia, estão incluídas faixas do EP e versões de músicas de outros artistas, como Jake Bugg, Oasis, entre outros.

O endereço do show é na rua da Mata, 70 - Itaim Bibi, São Paulo. Abertura da casa: às 18 horas com início previsto, às 20 horas 30 minutos. O valor do ingresso é de R$ 20,00.
A arte:

Artista Thalles Cabral
Foto: Rayana Garay/ProjetoFragmentado
Thalles fala sobre o papel da arte na sociedade denominando como subjetiva, que existe diferente significado para cada um. “Não tem o certo e o errado é isso que eu acho lindo. Uma das coisas que me toca pode não fazer sentido para você. Essa coisa de se emocionar e se identificar”, explica. O cantor notou que em São Paulo teve diversas exposições, museus lotados, e segundo ele, as pessoas estão indo mais aos museus, shows, teatro, mas ainda não alcançou o terço do que arte merece. “Eu conheço muitos artistas independentes que são incríveis, que dizem que a gravadora é o coração. Eles fazem shows e ninguém fica sabendo, pois não tem espaço. Eu ainda tenho um pouco de esperança, tem muita coisa boa,” ressalta. Cabral destaca um projeto da cidade onde mora que faz intervenção urbana. “Em SP, tem uma coisa bonita chamada Terrorismo Poético, que é uma galera que cola trechos de músicas, poemas, frases, nas paredes. Eu acho muito legal, porque na cidade tudo é cinza e de repente você olha e têm cartazes espalhados”. Segundo Thalles, são frases como Tenha um bom dia ou foda-se, Vendo cola para corações quebrados. “Têm coisas bonitas e interessantes, até empresários estão ali tirando foto, pois aquilo de uma forma os tocam. Isso é arte para mim”, finaliza.

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