Em entrevista, o cantor Filipe Catto fala sobre o seu novo disco: Tomada

08:24

Por Rayana Garay
Cantor Filipe Catto lança seu novo álbum
Foto: Divulgação


Dono de uma voz singular, letras extremamente expressivas e com um talento incomparável, o cantor gaúcho Filipe Catto lança o seu terceiro disco intitulado “Tomada”.
O disco, que conta com onze faixas, é o segundo do artista gravado em estúdio. Produzido por Kassin, que ajudou nos acordes tocando baixo, juntamente com o Pedro Sá (guitarrista), Domenico Lancelloti (baterista) e Danilo Andrade (tecladista). O gaúcho foi contemplado em 2014 pelo edital Natura Musical e lançado pela Agência de Música. Aos 27 anos, Catto mostra um amadurecimento, discute sobre temas diversificados e que é marcado pela sua essência musical. 

Tomada” é a soma de composições de diversos artistas como é o caso das músicas “Depois de Amanhã” do Moska, “Adorardor” do Pedro Luís e “Canção e Silêncio” do Zé Manoel, que Filipe Catto soube interpretar fielmente num som único. O álbum traz também composições feita pelo artista. 

O cantor sairá em turnê com o álbum Tomada no final de outubro
Foto: Divulgação

Filipe saiu daqui de Porto Alegre em 2010 para morar em São Paulo. Lançou em 2009 pela Internet o  EP “Saga” que foi gravado no estúdio da ESPM-RS onde o gaúcho estudava. Já o primeiro álbum “Fôlego", produzido em 2011, foi um grande passo para a carreira do artista que, por conseguinte, gravou em 2013 o DVD e CD ao vivo  “Entre Cabelos, Olhos e Furações”. 

Desde pequeno Catto mostrou desinibição diante aos palcos. Da voz com o timbre em contratenor, Filipe Catto transmite todo o seu sentimento e emoção que deposita nas músicas que canta. Cenário completo para um artista que se entrega inteiramente para a música, a arte e o público.  Filipe Catto é mistura de tudo que compõe a herança da MPB e já na translação para a Nova MPB.  O gaúcho mostrou para o que veio. 


Filipe lança seu segundo disco pelo edital Natura Musical
Foto: Mariana Delgado Porto/Divulgação

Em entrevista para o Projeto Fragmentado, o cantor fala sobre o disco, a música brasileira, próximos shows e mais. Confira logo abaixo:

Projeto Fragmentado - Ao ouvir segundo disco “Tomada” percebemos que há diversos trechos com fragmentos sentimentais, que envolvem uma mistura de sonoridade única e com estilo próprio (Catto). Como foi o desenvolvimento dessas composições?

Filipe Catto - Achei que estava na hora de sair da sombra das minhas referências. Naturalmente o disco fala um pouco desse momento da minha vida. Ele mata as minhas referências na hora de compor. Eu fiquei preocupado em fazer um repertório que fale de mim e dos músicos da minha geração, mas principalmente que fale do momento de hoje, mesmo que sejam músicas mais antigas. Tudo no disco foi muito orgânico, foi acontecendo naturalmente e de forma prazerosa. Eu queria um repertório que fosse de alto impacto, independente do gênero e do compositor. A minha filosofia, enquanto artista, é que um bom disco só pode ser feito com um bom repertório. Eu não penso na estética do disco prá depois compor. Eu gosto de criar a estética através das músicas que eu tenho em mãos.

PF - Na sua opinião, como está o cenário atual da música brasileira? 
Filipe - A minha geração não é mais uma promessa, já somos uma realidade.

O novo álbum já está disponível nas plataformas digitais
Foto: Divulgação
PF - Como você vê essa mudança da MPB para Nova MPB. E como foi a sua inserção nessa categoria?

Filipe - Eu acho que a música Brasileira vem se renovando naturalmente em um cenário totalmente novo: o da internet. Minha geração surgiu em um momento em que a indústria e a mídia estavam olhando para outro lado, e a internet sedimentou e consolidou vários nomes da nova música. Não somos mais promessas, somos realidade. Os artistas novos já tem seu publico e já disseram a que vieram. O que virá a partir de agora é consequência disso tudo. Eu fico muito feliz de ter surgindo neste momento da música, de tantos desafios e de tanta liberdade ao mesmo tempo. Acho que o que está sendo feito, a quantidade de excelente música feita hoje, é digno de reconhecimento de todos.

PF - Para o futuro, o que podemos esperar de novidades? Já tens datas definidas para a turnê de divulgação do disco e se tens algum projeto/parceria em andamento. 

Filipe - Os shows devem começar no final de outubro só. Vou me dedicar ao lançamento dele primeiro prá depois criar e montar o show. Eu adoro me dedicar à montagem e à concepção do show e devo procurar alguns dos parceiros de composição, sim, para fazermos parceria também no show. Espero que dê certo.

PF- Com o avanço das tecnologias, você acredita que a internet pode, de algum forma, prejudicar a divulgação do artista. Mesmo que essa ferramenta seja de grande alcance, o artista acaba fazendo parte de um nicho. 

Filipe - Hoje em dia é quase um luxo o disco físico, quase um suvenir. Eu refleti muito sobre isso porque eu não consumo mais disco físico. Apesar de toda a discussão sobre as plataformas digitais, eu gosto do lance de ter qualquer música ao meu alcance, prá ouvir em qualquer lugar, do jeito que eu quero, na hora que eu quero. Não acho isso nada prejudicial, pelo contrário.
Sou muito grato à internet. Sempre foi minha principal plataforma de divulgação. Quando eu fiz meu primeiro EP eu não fiz ele físico. Ele não existe físico até hoje. E foi esse trabalho digital, lá em 2009, que me deu uma visibilidade fora de Porto Alegre. Por isso, é muito coerente hoje lançar um disco primeiro de forma digital. A internet é o presente prá mim, não é mais o futuro. É como as pessoas consomem música hoje.



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